CAPACITAÇÃO E TREINAMENTO PARA MULHERES NA SEGURANÇA PÚBLICA
Brasília, 09 de outubro de 2024.
Introdução
A participação das mulheres na segurança pública é um tema de crescente relevância em âmbito global. No Brasil, a luta pela igualdade de gênero se intensifica, e a inclusão das mulheres nas forças de segurança é fundamental para garantir uma abordagem mais equitativa e eficiente na proteção da sociedade. Este artigo abordará a importância da capacitação e do treinamento das mulheres nesse setor, destacando os benefícios sociais e organizacionais que essa inclusão pode trazer.
A Necessidade de Capacitação
A capacitação das mulheres na segurança pública deve ser uma prioridade em políticas de segurança. Este processo envolve não apenas o treinamento físico e técnico, mas também o desenvolvimento de habilidades interpessoais e de liderança. A formação adequada permite que as mulheres se sintam mais seguras e confiantes em suas funções, contribuindo para a criação de ambientes de trabalho mais inclusivos, seguros e respeitosos.
Os benefícios da capacitação
Diversidade de Perspectivas: A inclusão de mulheres traz diferentes maneiras de visualizar e solucionar problemas, enriquecendo as decisões e estratégias adotadas pelas corporações.
Empatia e Sensibilidade: Mulheres frequentemente apresentam uma abordagem mais empática no atendimento a vítimas, principalmente em casos de violência doméstica e crimes sexuais, o que pode resultar em um atendimento mais humanizado e eficaz. Verifica-se um contato mais empatico e sensível por parte das agentes femininas para com os apenados e suas famílias, favorecendo um ambiente mais harmonioso nas instituições carcerárias.
Fortalecimento da Comunidade: A presença feminina nas forças de segurança pode melhorar a relação da comunidade com a polícia, promovendo um clima de confiança, sensibilidade e colaboração.
Programas de Treinamento
Os programas de treinamento devem ser estruturados para atender as especificidades das mulheres, levando em conta não apenas as exigências físicas e técnicas impostas, mas também os desafios emocionais e psicológicos enfrentados por elas no ambiente de segurança.
Tipos de Treinamento
Treinamento Físico e Tático: Preparação para situações de combate, conhecimento, uso e técnicas de armamentos, técnicas de defesa pessoal, de imobilização tática, contenção e algemamento.
Capacitação em Direitos Humanos: Formação sobre legislações que protegem os direitos das mulheres e minorias, fortalecendo a atuação das profissionais nessas áreas.
Desenvolvimento de Liderança: Cursos que incentivem as mulheres a assumirem posições de liderança e a atuarem como agentes de mudança dentro das corporações.
Saúde Mental e Bem-Estar: Programas que abordam o autocuidado e a saúde mental, preparando as mulheres para lidar com a pressão, com a frieza do ambiente de trabalho e o estresse da profissão.
Atendimento Pré-hospitalar e Primeiros Socorros: capacitação das mulheres no auto resgate e no resgate ao colega em situação de combate, favorecendo a autonomia e a autoconfiança em situações de estresse e risco de morte no ambiente laboral.
Força Física: é fundamental para a policial feminina, não apenas pela resistência e a capacidade física, mas também para a autoconfiança e a segurança no desempenho das atividades diárias, além de contribuir para a prevenção de lesões, aumentando a resistência muscular e uma boa saúde geral. Esse tipo de treino também ajuda a desenvolver habilidades motoras essenciais e a capacidade de reação rápida, fatores cruciais em situações de emergência ou confrontos.
Os desafios enfrentados
Apesar dos avanços, as mulheres ainda enfrentam obstáculos significativos na segurança pública. A cultura machista, o preconceito e a falta de apoio institucional muitas vezes limitam seu desempenho e ascensão nas carreiras. Atualmente , o número de instrutoras em diversos temas dentro dos ambientes de segurança pública, seja na polícia ostensiva, na judiciária ou na prisional ainda é muito menor que o número de instrutores masculinos, sugerindo uma falta de confiança nas mulheres, muitas vezes, em razão do machismo, da não aceitação e do desrespeito por parte dos homens. É essencial que haja uma mudança de paradigma dentro das corporações, promovendo uma cultura organizacional que valorize a diversidade e a equidade de gênero.
Conclusão
Investir na capacitação e treinamento das mulheres na segurança pública é um passo fundamental rumo a uma sociedade mais justa e segura. A presença feminina não apenas humaniza as forças de segurança, mas também melhora a eficácia do atendimento às necessidades da população. Para que essa inclusão aconteça de maneira significativa, é imperativo que se implementem políticas públicas que incentivem a formação e valorização das mulheres neste setor. A construção de um ambiente seguro e igualitário para todos deve ser um objetivo coletivo, refletindo a diversidade da sociedade que se busca proteger.
Referências Bibliográficas
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Silva, A. L. & Ferreira, J. C. (2019). “Autoconfiança e Autoeficácia: Uma Abordagem para Mulheres em Situações de Emergência e Primeiros Socorros”. Revista Brasileira de Saúde.
Rosa, T. A. (2021). “Capacitação em Atendimento Pré-Hospitalar para Mulheres: Um Caminho para a Autonomia”. Editora CUIDAR.
Pereira, L. R. & Costa, M. G. (2022). “Prevenção e Preparação: Treinamento em Primeiros Socorros e Resiliência”. Jornal de Emergências e Resgate.
Currículo:
Angélica Valadares
Agente prisional na Secretaria de Justiça do DF, atualmente lotada no GOEC- GOEC- Grupo de Operações Especiais com Cães, do SSE
Membro associada da ABAPHT ( Associação brasileira de Atendimento pré-hospitalar tático)
Instrutora colaboradora de APH (Atendimento Pré-hospitalar) tático pela NAEMT (Associação norte americana de médicos e enfermeiros )
Multiplicadora de APH em combate pelo Comitê brasileiro de APH em combate
Fisioterapeuta, desde 2004
Pós graduação em Traumatologia
Pós graduação em Disfunção Temporomandibular e dor orofacial