Associação Nacional dos Agentes de Polícia do Ministério Público

Mulheres em cargos de gestão na Segurança Pública.

Brasília, 30 de outubro de 2024.

Antes de começarmos a falar desse tema tão importante, não podemos deixar de falar um pouco da sua trajetória para chegarmos aos dias de hoje.

O histórico da presença de mulheres em cargos de gestão na Segurança Pública é marcado por avanços importantes, mas também por desafios e obstáculos ao longo do tempo. Este percurso começou a ser construído apenas nas últimas décadas e reflete uma transformação gradual da sociedade e do setor de segurança, tradicionalmente dominado por homens.

Até o início do século XX, o setor de segurança pública em muitos países, incluindo Portugal e o Brasil, era um ambiente exclusivamente masculino. As mulheres começaram a integrar este campo apenas na primeira metade do século passado, e sua entrada foi, a princípio, limitada a funções administrativas ou de apoio, geralmente longe das ruas e da atuação direta em ações policiais.

Nas décadas de 1940 e 1950, com mudanças sociais e políticas, algumas mulheres começaram a ocupar funções operacionais em departamentos de polícia e segurança. Em Portugal, a abertura para a participação de mulheres nas forças de segurança ocorreu oficialmente apenas nos anos 1970, com a Revolução dos Cravos, quando mulheres puderam, pela primeira vez, atuar em algumas áreas da polícia.

No Brasil, na mesma época, as mulheres começaram a ocupar cargos na Polícia Militar e na Polícia Civil, mas ainda em funções específicas e em unidades voltadas para o atendimento a mulheres e crianças.

As décadas de 1980 e 1990 marcaram avanços significativos para a igualdade de gênero nas forças de segurança, tanto em Portugal quanto no Brasil. Esses anos foram marcados por uma maior abertura de concursos públicos para cargos policiais e de segurança para as mulheres. Nessa época, começaram a surgir as primeiras mulheres nas ruas, realizando patrulhas, investigações e, em alguns casos, operações especiais.

Ainda assim, a presença de mulheres em cargos de gestão era limitada, pois essas posições ainda eram predominantemente ocupadas por homens, muitas vezes devido à falta de políticas de incentivo à liderança feminina e ao preconceito enraizado na cultura organizacional.

Nos anos 2000, as mulheres começaram a assumir cargos de gestão e chefia nas forças de segurança, em parte graças às políticas de igualdade e às novas perspectivas de gênero e direitos humanos que se fortaleceram nos setores público e privado. Em Portugal, isso incluiu posições em chefias de comando na Polícia de Segurança Pública (PSP) e na Guarda Nacional Republicana (GNR).

No Brasil, algumas corporações policiais estaduais e federais passaram a contar com mulheres em posições de liderança, incluindo chefias de delegacias e comandos de batalhões da Polícia Militar. Nesse período, a presença de mulheres em funções gerenciais, como delegadas e capitãs, começou a se tornar mais comum, ainda que elas continuassem sendo uma minoria.

Na última década, os avanços na participação de mulheres na Segurança Pública foram expressivos, especialmente em cargos de alta gestão. Em muitos países, políticas afirmativas e a luta por igualdade de gênero promoveram mudanças significativas na abertura de oportunidades para as mulheres. Em Portugal, temos cada vez mais mulheres ocupando cargos importantes nas forças de segurança, com algumas delas chegando a posições de comando e liderando divisões especializadas.

 

No Brasil, as mulheres também alcançaram cargos de destaque, assumindo postos como chefes de unidades policiais e cargos de direção em áreas estratégicas e operacionais. Hoje, é comum encontrar mulheres liderando operações e desenvolvendo políticas de segurança, atuando como delegadas regionais e até em secretarias estaduais de segurança.

Apesar do progresso, ainda existem desafios significativos para as mulheres em cargos de gestão na Segurança Pública. A cultura organizacional ainda apresenta resquícios de preconceito de gênero, e as mulheres frequentemente enfrentam barreiras adicionais para serem reconhecidas em posições de liderança, como a necessidade de provar sua competência em um ambiente que historicamente foi masculino.

Contudo, a sociedade e o setor de segurança pública continuam a avançar. A presença feminina nas academias de polícia e nas escolas de formação militar é crescente, e as mulheres estão cada vez mais representadas em papéis decisivos. Esse movimento tende a fortalecer a presença de lideranças femininas na Segurança Pública, trazendo mais diversidade, inovação e inclusão ao setor.

O histórico das mulheres na gestão da Segurança Pública reflete, portanto, uma trajetória de luta e superação. Elas têm quebrado barreiras e contribuído para uma transformação cultural e operacional dentro do setor, promovendo um ambiente mais inclusivo e equilibrado, e oferecendo novas perspectivas que enriquecem o trabalho de proteção e segurança da sociedade.

A presença de mulheres em cargos de gestão na Segurança Pública é um reflexo de transformações sociais significativas, promovendo diversidade, inclusão e inovação no setor. Ao ocupar posições de liderança em forças policiais, bombeiros, serviços de inteligência e outras instituições de segurança, as mulheres trazem uma série de benefícios e mudanças positivas.

A entrada de mulheres, especialmente em cargos de gestão, tem desafiado estereótipos e promovido mudanças culturais que favorecem a igualdade de gênero. Essa presença tem ajudado a criar ambientes de trabalho mais inclusivos e a reduzir preconceitos, mostrando que a segurança não depende apenas da força física, mas também de habilidades analíticas, de comunicação e de empatia.

A diversidade de gênero nas equipes de liderança contribui para abordagens mais abrangentes e inovadoras na resolução de problemas. Com perspectivas e experiências variadas, às mulheres nas posições de chefia trazem novas ideias para o desenvolvimento de estratégias que lidam com o crime e a segurança pública de forma mais eficaz. Estudos indicam que grupos diversos tomam decisões mais fundamentadas e conseguem identificar soluções que, em ambientes homogêneos, poderiam passar despercebidas.

Mulheres em cargos de gestão têm desempenhado um papel fundamental na criação de políticas e programas voltados para o atendimento a vítimas de violência de gênero, abuso sexual e violência doméstica. A compreensão das dinâmicas desses crimes permite que mulheres líderes implementem abordagens mais sensíveis e eficazes, promovendo um atendimento que respeite e atenda as necessidades das vítimas.

Gestoras na Segurança Pública muitas vezes trazem uma perspectiva mais focada na ressocialização e na prevenção. Em vez de uma abordagem meramente punitiva, essas líderes podem promover programas que visam reintegrar infratores na sociedade, reduzindo a reincidência e investindo em programas que abordem as causas sociais e psicológicas do crime.

 

A presença de mulheres em cargos de gestão influencia positivamente toda a estrutura das instituições de segurança, especialmente em relação a comportamentos e valores profissionais. A liderança feminina frequentemente promove um ambiente mais cooperativo, aumentando o moral das equipes e diminuindo problemas como assédio e preconceito.

Quando mulheres alcançam posições de destaque, elas servem de modelo e inspiração para outras, mostrando que o setor é acessível e que há espaço para o crescimento feminino. Esse exemplo é essencial para aumentar o interesse e a participação de mulheres nas forças de segurança, trazendo talento, compromisso e novas habilidades ao setor.

As mulheres em cargos de liderança também têm um papel fundamental na formulação e execução de políticas que promovem a igualdade de gênero dentro das instituições de segurança. Elas podem promover mudanças que busquem melhorar as condições de trabalho, combater o assédio, garantir licenças maternidade e paternidade justas, e fortalecer a rede de apoio à saúde mental dos profissionais.

Nos últimos anos, tanto em Portugal quanto no Brasil, várias mulheres assumiram cargos de liderança em instituições de segurança pública. Delegadas de polícia, chefes de unidades especializadas, inspetoras e oficiais de alta patente têm liderado divisões importantes e desenvolvido programas voltados para as comunidades. Em Portugal, por exemplo, a Polícia de Segurança Pública (PSP) e a Guarda Nacional Republicana (GNR) têm aumentado a representação feminina, assim como no Brasil, onde várias corporações estaduais contam com delegadas regionais e chefes de operações.

As mulheres em cargos de gestão na Segurança Pública não apenas representam um avanço em termos de igualdade, mas também contribuem significativamente para a eficiência e a qualidade das instituições de segurança. Sua presença enriquece o ambiente, proporciona novas perspectivas e promove uma abordagem mais humanizada e eficaz. A diversidade de gênero, portanto, fortalece o setor e beneficia a sociedade como um todo, oferecendo um serviço público de segurança mais inclusivo, justo e inovador.

Currículo:
Erika de Toledo

Associação Nacional dos Agentes de Segurança Institucional do MPU e CNMP
Tel: (61) 99880-6957


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