Associação Nacional dos Agentes de Polícia do Ministério Público

Mulheres Policiais: a importância de ocuparmos nossos lugares na Segurança Pública e na sociedade

Brasília, 25 de junho de 2024.

Por Aline Risi
Escrivã de Polícia
Liderança Sindical da Polícia Civil em MG


Quando falamos de Polícia, muitos enxergam um ambiente eminentemente composto por homens, muitas vezes truculentos, mas, por óbvio, com um grau de instrução mais elevado, em comparação às décadas passadas, que não possuem famílias para criar e que precisam proteger a população com sua vida contra a criminalidade. Ainda tem aqueles que entendem que são super-heróis humanos, destemidos, corajosos e que encaram o perigo de perto.

Bom.. Vários pontos são verdadeiros, mas eu quero aqui lhes contar um pouquinho de ser uma mulher policial e como estamos ocupando os espaços na Segurança Pública, em defesa da sociedade, assim como em todas as áreas, e a importância de existirem eventos, atualmente, como os Congressos voltados para as mulheres, o que não existia antes, diante de uma sociedade muito machista e preconceituosa.

Meu nome é Aline Risi e sou Policial Civil de Minas Gerais há cerca de 18 anos. Meu cargo é Escrivão de Polícia. Sou uma trabalhadora da segurança, mãe solo de dois meninos pequenos ainda, liderança e representante sindical dos trabalhadores policiais civis, especialmente, do meu Estado, e digo que ser policial não é fácil, pois não é somente uma profissão, mas uma missão.

Quando lá em cima disse o que acham sobre o ambiente eminentemente masculino, acertaram, porém, hoje temos um acentuado ingresso de mulheres nas polícias. Existem estados que já somos a maioria. Outro ponto, os (as) policiais são pessoas comuns, que possuem famílias que precisam sustentar, que são trabalhadores (as) como todos (as) os (as) outros (as). A truculência não é mais característica das polícias, mas ainda utilizamos de ações enérgicas de contensão de conflitos, uma vez que são necessárias. Não somos super-heróis ou heroínas, mas damos o melhor para fazer o nosso trabalho, mesmo que em muitos lugares não temos o reconhecimento dos governos e da própria sociedade.

E as mulheres policiais? Temos a mesma efetividade dos homens, mas temos nossas especificidades e diferenças, porém somente nos tempos atuais é que estamos, de uma certa forma, conquistando direitos que antes não tínhamos, mas com muita luta, e ainda enfrentamos muitas resistências, discriminação e assédios. Por que falo isso? Não estamos aqui para competir com os homens, mas sim para ladear e sermos reconhecidas. Queremos, com nossa competência, inteligência, perspicácia e capacidade de liderar, ocuparmos vários cargos, inclusive, de chefia.

Tudo o que falo aqui realmente reflete uma realidade. Estamos conquistando aos poucos lugares assim, mas ainda não chegamos nem perto do que queremos. As mulheres policiais precisam ser tratadas de forma diferenciada na medida de suas desigualdades, uma vez que somos mães, somos fisiologicamente deferentes dos homens, temos hábitos diferentes, e o que queremos é apenas respeito diante dessas diferenças. Por que não se pode fazer um treinamento voltado para as mulheres? Por que em muitas unidades policiais não existem acomodações e banheiros específicos para as mulheres? Por que muitas chefias desrespeitam legislações federais e estaduais, quando se trata de mulheres lactantes? Por que não se pode flexibilizar o tratamento para a mulher? Por que muitas policiais sofrem assédio em todo o Brasil, passando por depressão e cometendo, até mesmo, o autoextermínio?

Diante de todas essas perguntas e demandas direcionadas a nós, mulheres policiais, é que surgiu a necessidade da discussão com proposições de temas relacionados às mulheres policiais. Por isso, a criação dos congressos voltados para estas trabalhadoras. E o Congresso Brasileiro sobre Mulheres na Polícia é um dos pioneiros para mostrarmos a que viemos e o que faremos. Tamanha é sua importância, uma vez que trocamos experiências, debatemos temas, além do networking importantíssimo nesta profissão. Sempre temos algo novo para levarmos aos nossos estados, já que o evento é realizado com a presença de mulheres policiais e palestrantes de várias unidades da federação.

No IV Congresso Brasileiro sobre Mulheres na Polícia, realizado em Brasília/DF, neste ano, ministrei uma palestra sobre “O Assédio Moral e Sexual contra as Mulheres na Polícia”. Tema relevante e que vem nos preocupando em todo o Brasil, em virtude do alto número de casos. Enquanto representante sindical e mulher, uma de minhas lutas é contra o assédio e qualquer tipo de violência praticada contra as mulheres. Precisamos erradicar, especialmente, das instituições policiais essas práticas e esses crimes.

Para finalizar, expresso aqui que minha luta não é somente contra o assédio, mas por melhores condições dos trabalhadores policiais de Minas Gerais e do Brasil, com valorização e reconhecimento pelos governos e pela sociedade, além de lutar permanentemente no combate a qualquer tipo de violência, principalmente, praticada contra a mulher, criança e adolescente. Para isso, ministrei várias palestras sobre os temas em meu estado e no País, além de estar como liderança nas lutas pelas garantias e direitos de toda a categoria policial.

Aline Risi é Escrivã da Polícia Civil de Minas Gerais há 18 anos. É Bacharel em Direito e Jornalismo, mestre em Comunicação Social.

Além disso, ela é representante classista da Segurança Pública, diretora licenciada de assuntos da mulher policial da Cobrapol e do Sindicato dos escrivães de Polícia de Minas Gerais (Simdep/MG), presidente licenciada da Associação dos Escrivães de Minas Gerais (Aespol), coordenadora do Movimento das Mulheres Policiais do Brasil (MMUP) e idealizadora e presidente licenciada do Instituto Amadas, de acolhimento à mulher em Minas Gerais.

Associação Nacional dos Agentes de Segurança Institucional do MPU e CNMP
Tel: (61) 99880-6957


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