Associação Nacional dos Agentes de Polícia do Ministério Público

NÓS, MULHERES DA LEI 

Brasília, 02 de julho de 2024.

Célia Maria Lins de Melo

A emblemática e retórica luta das mulheres, em busca da tão sonhada igualdade de gênero, hoje continua à esbarrar na mesma barreira construída nos tempos mais remotos da evolução social e, como bem disse o poeta, “…desde os primórdios, até hoje em dia, o homem ainda faz, como os macacos faziam…(Titãs)”, neste caso, falar das cavernas, de um tempo irracional, onde nem modelo de sociedade existia, não estar tão distante de nós, mediante a realidade que vivemos hoje. De todos os lados se vê a violência, disfarçada de Instituição, desvalorização e, até da falta de humanidade. Fato. 

Quando analisamos as conquistas, a ocupação dos espaços, a representatividade política e, ainda assim, direitos e respeito nos são negados, entendemos que muito há por fazer, por buscar, por agregar, numa sensação contínua e constante de resistência. É luta mesmo, batalhas diárias para provar capacidade, competência e força. 

Muitas que nos antecederam, nos trazem as referências de um tempo totalmente adverso e, as atitudes por elas realizadas, nos abriram caminhos que hoje como veios abertos num terreno hostil e injusto, são rotas a seguir e bandeiras a sustentar. 

Exemplo disso é o da indígena Clara Camarão, potiguar de origem, que no século XVII, resolveu contrariar as ordens dos que comandavam a tribo e, ciente da sua condição de guerreira, arregimentou mulheres para enfrentar em batalha, os holandeses, durante o Brasil colônia, desta luta saiu mais que vencedora, e porque não dizer honrada! Clara Felipe Camarão, por este feito e coragem é reconhecidamente “heroína do Brasil”, tendo seu nome registrado no livro de aço no Panteão da Pátria. 

Assim, ouso dizer que Clara Camarão, foi uma das primeiras, se não a pioneira na função em defesa de um espaço justo e ideal, assim como fazem hoje as mulheres que adentraram, corajosamente para a segurança pública dos mais variados estados de nosso país e, defender com o risco da própria vida, a sociedade a que pertence. 

Me chamo Célia Maria Lins de Melo, nascida em Natal, Rio Grande do Norte, graduada (Licenciatura e bacharelado) em História pela UFRN, Subtenente R1 da PMRN. Sendo da primeira Turma de Mulheres praças do Estado, turma Pioneiras Potiguares, hoje empreendedora social e militante em defesa das causas das mulheres vítimas, para isso faço uso da literatura, contação de histórias e da arte como ferramenta de aproximação e apoio. 

“mulheres têm um papel político muito importante e a capacidade de espalhar e defender aquilo que acredita.” (Ruth Cardoso – antropóloga) 

“Preservação da ordem”, é a função fundamental de qualquer agente de segurança pública, independente do credo, da raça, do sexo e da cor, em qualquer parte do território brasileiro, assim está previsto na Lei. 

Para a mulher que hoje opta por ser uma policial, seja civil ou militar a missão e os desafios são praticamente os mesmos, assim como as dificuldades também. 

Enfrentar um universo efetivamente masculino nunca será fácil, mas, num passado recente, as práticas misóginas reforçada pelo autoritarismo e poder, davam margem a atos de pura covardia e impunidade dentro das próprias instituições, uma realidade nua e crua, vividas por muitas, hoje pode-se dizer de um avanço, na lei, porque em muitos casos a ideia de poder e “coisificação” da mulher infelizmente, continuam. 

Então, além de toda carga de atribuições que uma mulher tem que enfrentar, além da luta pra manter as conquistas, defender toda uma sociedade por sua opção profissional, esta mulher tem que fazer valer a lei dentro e fora de sua Instituição. Ser uma mulher, agente de segurança pública é abdicar do que é indivíduo e ser assertivamente coletiva. Entendo que somos o resultado daquelas que desafiaram as regras, daquelas que não se conformaram com o sistema de opressão que não nos permitia estudar nem participar das decisões sociais, somos as herdeiras daquelas que não se conformaram em desistir, somos todas as senhoras de nossos destinos, assim como fizeram, Nísia Floresta (que introduz a mulher na educação), Celina Guimarães (primeiro voto feminino), Alzira Soriano (primeira mulher a ocupar um cargo eletivo), assim, percebo que o nosso papel social é continuar a luta, enquanto “mulheres da Lei”, persistir na conquista, deixando para as gerações futuras, o legado de que a sociedade só desenvolve quando o respeito e valorização for comum aos gêneros. 

Célia Maria Lins de Melo – Subtenente PMRN Natal/ julho -2024  

Associação Nacional dos Agentes de Segurança Institucional do MPU e CNMP
Tel: (61) 99880-6957


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